terça-feira, 18 de agosto de 2009

Agora

Por causa de minha profissão recebo inúmeros e-mails diariamente, das mais variadas, quer dizer, de todas as espécies. Todas que podem virar notícia. Recebo mesmo sem ter onde publicá-las, pois meu site é basicamente sobre beleza e comportamento. Abro muitos deles por curiosidade como o de um encontro com 5 palestrantes bambambans do Brasil, como Chiniagci e Mario Sérgio Cortella. Sobre gestão, empresa, lucro e essas coisas que fazem parte da vida de uma empresa. Eu não trabalho numa empresa, eu sou uma empresa. De mim mesma, do bloco do eu sozinha, mas sou uma empresa. Ltda e tudo. Já assisti muitas dessas palestras, acho o Cortella uma delícia de ouvir. Há que se ter talento para subir ao palco. Quando saí da Editora Abril, fiz algumas tentativas – um fracasso. Não dou pra coisa. É preciso método, memória, planejamento, atributos que não tenho. Pra alguma coisa serve envelhecer (pra muitas posso afirmar) – admitir suas inabilidades é uma delas. Admitir as habilidades, também. Quanto ao encontro, gostaria de ir, sentir o clima, sentir a energia de um grupo (grande) de pessoas focados num mesmo assunto. Que sabe? Uma inscrição vale 500,00. Duas diárias da minha pousada preferida na praia. Quando você não tem um salário no final do mês, essas comparações começam a ser feitas. É muito legal colocar na balança o peso dos benefícios, dos prazeres, dos desejos.
O outro e-mail é sobre comportamento: tudo é possível aos 50? Bem, a longevidade traz novas profissões, entre elas a dos terapeutas especializados em envelhecimento. No caso, a doutora me parece jovem e me pergunto se aulas e cursos e congressos habilitam alguém a entender da alma de quem envelhece. É tão difícil! Mal posso acreditar que ano que vem faço 60 anos. 60 anos.
Quando falo ainda não acredito. As pessoas dizem: "Mas você não parece, está tão bem!" Que ótimo, também acho, e estou mesmo. A questão não é essa, a questão é filosófica, se bem que nem sei o que isso significa. A questão está lá no fundo da alma, não da pele que cai – essa tem sempre um jeitinho de melhorar. "O buraco é mais embaixo", diz o ditado popular. Sei que os homens passam – pelos menos os que tem uma alma – por esses questionamentos também. De uma coisa tenho certeza: gosto de viver nesse tempo com a idade que tenho. Gosto de ter vivido meus 20/30/40 e 50 nas respectivas décadas. Agora tenho que descobrir, e não é fácil, qual é o caminho de Agora.

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