segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Não bateu

Sábado estive num encontro, acho que é assim que chama, não sei bem. Enfim, um encontro com o dr. José Angelo Gaiarsa, famoso psiquiatra de São Paulo que escreveu dezenas de livros, sempre foi meio rebelde e teve seu trabalho muito voltado para o corpo e a respiração. Gosto da sua linha de pensamento e fiquei curiosa por ouví-lo, principalmente às vésperas de seus 90 anos. Não era só uma palestra, havia exercícios, dos quais não participei. Foi uma espécie de terapia de grupo. E... nenhuma novidade pra mim que já fiz tantos anos de terapia. Fiquei pensando naquilo tudo. Gostei de ter ido, mas... algo me incomodou. Com certeza por ter vivido toda a vida neste país onde o culto à juventude é a oração diária, não me acostumo muito com a velhice. Ao mesmo tempo que admiro uma pessoa que chega aos 90 em plena atividade, com lucidez e entusiasmo, acho que seria melhor ficar viajando, se divertindo ou ficar em casa filosofando. Acho horrível, mas é um sentimento que tenho. Achei meio deprê – estou numa fase em que acho a velhice uma fase meio ridícula ao invés de sentir a ternura que sempre nutri pelos mais velhinhos. Talvez por ele ser meio arrogante, meio dono da verdade, meio sem precisar de ninguém. Sei lá, alguma coisa não bateu. Estranho. Preciso pensar mais nisso.

3 comentários:

Beto Ramos disse...

Pois é Célia, o ser humano é o único ser que tem consciência de que um dia vai morrer. E a chamada velhice é, na minha opinião, uma espécie de preparação. A medida que vamos envelhecendo, começamos a tomar consciência de que a vida está acabando, e muita, mas muita gente não sabe tratar essa questão da finitude da vida. Ainda mais num país onde a juventude está em 1º lugar, os mais velhos vão ficando à margem, e isso é muito preocupante!

Márcia Braga disse...

Engraçado estou sendo "forçada" a pensar sobre a velhice, nos últimos meses meu pai de 78 anos tem escancarado esse problema. Vivendo sozinho nos últimos anos( e acho tão arrogante quanto o Gaiarsa) pediu para passar um tempo comigo mostrou-se frágil como nunca eu tinha visto. Passarei eu pelo mesmo processo?!!!
abraços aos dois.

Ana disse...

Célia, vc já leu o livro "A Cabana"? Leia! Vc vai amar e vai te edificar muuuuito.

Bjos